terça-feira, 2 de outubro de 2012

O paradoxo da soberba


Não sei lidar com gente arrogante. Nunca soube. Tenho a impressão de que a arrogância surge como um meio de defesa em algumas pessoas que, de tanto apanhar na vida, resolvem dar o primeiro tapa antes, ao mínimo sinal de uma agressão iminente, mesmo que ela apenas exista em sua mente doente. Só que a soberba nunca vem sozinha. Sempre está acompanhada de um egoísmo extremo, que faz com que a pessoa realmente acredite que o mundo gira ao redor do seu próprio umbigo. Pior, conspira contra ela. E enquanto essa conspiração do universo somente tem lugar em seu pensamento, permanece sentindo como se a ilusória superioridade que lhe foi conferida justificasse suas atitudes prepotentes. Mas umas das poucas certezas que tenho é que as pessoas baseiam-se em seus próprios atos para julgar os outros. Então, se alguém leva a vida com uma arma em punho, esperando qualquer sinal de hostilidade para dela fazer uso, demonstra que não confia em ninguém por um único motivo: ela mesma não é confiável!

sábado, 29 de setembro de 2012

O primeiro passo



Paixão. É dela que eu vou atrás.
Levei tempo para descobrir o que eu não quero.
E agora sigo na busca no que realmente me tira o fôlego.
Sem hesitar. Sem deixar pra depois.
Já gastei energia demais em uma vida que não me pertence.
Nunca me pertenceu.
Descontruir. Incendiar.
Essas são as palavras de ordem no momento.
Chega de contar os minutos para ir embora.

Quero que as horas escorram pelos meus dedos sem eu perceber.
Chega de repetir, repetir e repetir.
Quero ter o poder de criar.
Chega de formalidades desnecessárias.
Quero liberdade para simplesmente ser.
Chega de reações calculadas.

Quero é atitudes inesperadas.
Porque pela primeira vez eu tive a sensação de estar no lugar certo.
Eu e meus rabiscos intermináveis.
Quem sabe eles me levem mais além do que imaginava.
Quem sabe me mostrem o caminho do prazer.
Da satisfação em compartilhar minhas insanidades.
Da verdadeira paixão.


domingo, 23 de setembro de 2012

Eis a questão


Perdoar não é uma tarefa fácil. Pode ser nobre, mas nada simples. A não ser que tu tenha o coração tão generoso quanto a Madre Tereza de Calcutá ou a alma elevada do Dalai Lama, o que não é o meu caso. Claro que há vários fatores envolvidos: a proximidade que tu tinha com a pessoa, o fato em si e a tua condição emocional no momento. De qualquer maneira, sempre exige um exercício de humildade e reflexão. Todo mundo erra. Só que existem aqueles erros que, por mais que perdoados, não são esquecidos. Não dão a pessoa o direito a uma segunda chance, pelo menos não na tua vida. Mas ainda acho que mais difícil do que perdoar alguém, é perdoar a si mesmo. A gente tem a mania de se culpar por não ter feito diferente, como se o direito de errar fosse uma prerrogativa exclusiva dos outros. Parece difícil perceber que, às vezes, não resta outra alternativa senão nos perdoar e seguir adiante. Ciente da nossa condição humana falha. Porém, com a certeza de que o perdão permite o recomeço de uma história, sem o mesmo erro.

domingo, 2 de setembro de 2012

The end


Cada um teu seu limite. E a distância do trajeto percorrido até se chegar nele está intimamente ligada ao tamanho do teu amor próprio. Quanto mais tu te ama, menos provável que aceite situações que te causem sofrimento. Quanto mais tu te valoriza, menos irá permitir que outros te coloquem em segundo plano. Mas não importa que o fato se reproduza interminavelmente ao longo de meses ou anos. Muito menos os palpites alheios. Enquanto tu não atingir o teu limite, o ciclo vicioso continuará se repetindo. Até que um belo dia os surtos, traições ou desrespeito que tu aturou por tanto tempo se tornam tão insuportáveis que tu prefere a dor da solidão à agonia de permanecer em um relacionamento assim. Embora doa, tu tem a plena convicção de que não há outro caminho. De que o amor nem sempre é suficiente. Que você merece mais. Quando tu alcança teu limite, não restam dúvidas. Pelo contrário. Tu tem certeza de que vai estar bem melhor sozinha.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

As cores


E ela mudou a cor do cabelo mais uma vez.
Anda por aí com aquelas unhas verdes e batom vermelho.
Descobriu que a cor torna tudo mais atraente.
Em especial no cair da noite.
É quando o céu insiste em escurecer que aquela garota realmente ganha vida.
Passou do vestido preto da estação para os tons quentes sem hesitar.
Mas continua se irritando por não conseguir tirar aquele roxo de seu rosto.
Quem sabe os olhos coloridos compensem.
Nesse momento isso nem tem tanta importância.
A luz pisca, branca e preta.
E a garota e sua saia azul brilham sem parar.
Parece que as pessoas e o ambiente se confundem.

Será? São as cores, só pode ser.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Say no


As pessoas vão até onde você permite. Seja filho, amigo ou namorado. Não é só quando criança que testamos incansavelmente os limites dos nossos pais. Continuamos fazendo isso durante toda a vida. Teu filho acha que você tem parar o mundo pra resolver os problemas dele? Teu amigo te procura apenas quando precisa de dinheiro emprestado? Teu namorado adora apontar teus defeitos em público? Tudo culpa tua. Já tive minha energia e dinheiro sugados pra depois perceber que eu deixei que chegasse naquele ponto. Bastava ter dito “não”. Se colocar no papel de vítima e culpar o outro pela falta de consideração ou, até mesmo, de caráter é muito fácil, pra não dizer conveniente. Tudo bem, existem pessoas que realmente são como parasitas. Mas elas só sobrevivem enquanto o hospedeiro satisfaz suas necessidades.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A mais pura pedreiragem


Basta que se reúna um bando de homens para o efeito ser pior que o proporcionado pelo álcool. Ficam engraçados e destemidos. E, para fazer valer a honra masculina perante os outros machos, nada melhor do que apelar para a mais pura pedreiragem. Inicia-se uma disputa pra ver quem vai ser o primeiro a disparar obscenidades contra qualquer ser de saia avistado. A “brincadeira” se torna quase um jogral e todos acham graça. Menos a fêmea, que se vê inferiorizada através daquela demonstração pública da pretensa força do gênero. Será uma amostra grátis do machismo que ainda sobrevive entre nós? Ou a expressão do comportamento dos machos quando estão em bando? Só recorrendo a Darwin.