terça-feira, 21 de agosto de 2012

As cores


E ela mudou a cor do cabelo mais uma vez.
Anda por aí com aquelas unhas verdes e batom vermelho.
Descobriu que a cor torna tudo mais atraente.
Em especial no cair da noite.
É quando o céu insiste em escurecer que aquela garota realmente ganha vida.
Passou do vestido preto da estação para os tons quentes sem hesitar.
Mas continua se irritando por não conseguir tirar aquele roxo de seu rosto.
Quem sabe os olhos coloridos compensem.
Nesse momento isso nem tem tanta importância.
A luz pisca, branca e preta.
E a garota e sua saia azul brilham sem parar.
Parece que as pessoas e o ambiente se confundem.

Será? São as cores, só pode ser.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Say no


As pessoas vão até onde você permite. Seja filho, amigo ou namorado. Não é só quando criança que testamos incansavelmente os limites dos nossos pais. Continuamos fazendo isso durante toda a vida. Teu filho acha que você tem parar o mundo pra resolver os problemas dele? Teu amigo te procura apenas quando precisa de dinheiro emprestado? Teu namorado adora apontar teus defeitos em público? Tudo culpa tua. Já tive minha energia e dinheiro sugados pra depois perceber que eu deixei que chegasse naquele ponto. Bastava ter dito “não”. Se colocar no papel de vítima e culpar o outro pela falta de consideração ou, até mesmo, de caráter é muito fácil, pra não dizer conveniente. Tudo bem, existem pessoas que realmente são como parasitas. Mas elas só sobrevivem enquanto o hospedeiro satisfaz suas necessidades.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A mais pura pedreiragem


Basta que se reúna um bando de homens para o efeito ser pior que o proporcionado pelo álcool. Ficam engraçados e destemidos. E, para fazer valer a honra masculina perante os outros machos, nada melhor do que apelar para a mais pura pedreiragem. Inicia-se uma disputa pra ver quem vai ser o primeiro a disparar obscenidades contra qualquer ser de saia avistado. A “brincadeira” se torna quase um jogral e todos acham graça. Menos a fêmea, que se vê inferiorizada através daquela demonstração pública da pretensa força do gênero. Será uma amostra grátis do machismo que ainda sobrevive entre nós? Ou a expressão do comportamento dos machos quando estão em bando? Só recorrendo a Darwin.

terça-feira, 7 de agosto de 2012


Nunca tive medo da solidão. Pelo contrário. Tanto que aos 12 anos promovi meu isolamento dentro da própria casa dos meus pais. Me recusei a dividir as noites com minha irmã para desfrutar daquela sensação de conforto que a solidão insistia em despertar. A garagem virou meu quarto. Confesso que descia as escadas com medo, não sei ao certo do que, mas ao me deparar com aquele espaço só meu esquecia todo o resto. Talvez porque, desde muito pequena, sempre estive rodeada de pessoas, praticamente as 24 horas do dia. Os poucos momentos em que ficava sozinha exerciam um fascínio sobre mim. O silêncio. Quando você pode ouvir o eco do próprio pensamento. E, assim, segui buscando a solidão como minha única companheira. Percebi, muito tempo depois, que era uma necessidade inata, que nasceu e vai morrer comigo. Preciso desses encontros comigo mesma, que só acontecem na ausência de qualquer outra pessoa, para me reorganizar. Separar o que devo levar comigo e o que posso deixar pra trás. Como se fosse o reinício diário de um processo. Que só tem lugar na solidão!

Linda e ponto. Tem mulher que é assim. Você olha e, aparentemente, não vê defeito nenhum. Um rosto com traços suaves. Um corpo bem desenhado. Mas falta alguma coisa. Falta aquela característica singular que a leva do patamar de uma mulher bonita para uma mulher interessante. É como uma comida com aspecto agradável, mas insossa. Você olha e tem vontade de devorar o prato inteiro, só que depois da primeira garfada perde o apetite. Beleza pode ajudar a abrir portas. No entanto, elas só permanecerão abertas se você provar que tem algo mais a oferecer. A sua carinha de boneca não vai te manter no emprego. Nem o teu corpo de mulher fruta vai segurar o homem dos teus sonhos. Beleza sem conteúdo é igual um embrulho bonito para um presente sem graça. Muita expectativa e nenhuma satisfação.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012


Escrever me traz alívio. É como se a minha mente inquieta, em um instante de lucidez, transcrevesse todos os meus pensamentos. Como se aquele emaranhado de ideias sem nexo passasse, subitamente, a fazer algum sentido. Aquela ânsia de ser compreendida encontrasse um caminho mais curto ao conquistar os olhos do mundo. Talvez seja algum devaneio narcisista passageiro ou uma nova paixão que ganhou vida. Só o tempo, único dono da razão, trará a resposta.